O Viveiro das Trutas de Manteigas, situado na Fonte Santa, a cerca de três quilómetros da Vila de Manteigas, mantem-se aberto todos os dias para visitação. Dispõe de um posto de venda ao público das trutas produzidas na truticultura, tendo aproveitado as águas cristalinas e bravas que irrompem da serra, que neste momento é um dos pontos turísticos da região. Na truticultura tem a produção de duas espécies diferentes de trutas: Arcos-íris e Fário.
Truta Fário
A truta fário tem a cabeça e os olhos grandes, as mandíbulas providas de dentes agudos e fortes; a maxila superior ultrapassa o nível posterior do olho; a coloração é muito variável com a idade e o habitat; possui geralmente o dorso castanho ou cinzento esverdeado, flancos esverdeados ou amarelos e ventre esbranquiçado. O corpo é salpicado de manchas negras e vermelhas.
Tem uma barbatana adiposa alaranjada na extremidade. Em termos comportamentais, a truta fário é esquiva e fugidiça, colocando-se em fuga após qualquer estímulo sensorial externo. Tem um crescimento lento e a sua carne é consistente e tem um aspeto esbranquiçado.
É uma espécie territorial, que vive em águas correntes, bem oxigenadas, límpidas e frias. Trata-se de uma espécie muito sensível à poluição e ao aumento da temperatura. É um predador muito voraz, que se alimenta principalmente de invertebrados, larvas, insetos aquáticos e pequenos peixes, comendo inclusive trutas de pequenas dimensões.
Truta Arco Íris
A truta arco-íris tem o corpo semelhante ao da truta fário, distinguindo-se desta pela coloração e pelas escamas, que são mais pequenas e finas. A designação desta truta deve-se precisamente à coloração variada, semelhante ao arco-íris, sendo, no entanto, variável em função do meio, do tamanho, do sexo, do tipo de alimentação e do grau de maturação sexual. O maxilar superior ultrapassa o nível posterior do olho. Tem o dorso verde-azulado com reflexos irisados; tem uma faixa rosada ao longo dos flancos e o ventre esbranquiçado.
A produção da truta arco-íris para consumo alimentar decorre do facto de ser mais fácil de produzir e de ter índices de crescimento mais elevados. Quanto à utilização para repovoamentos, a truta fário é utilizada em cursos de água e a truta arco-íris em lagos e lagoas, ainda que nestes casos possa também utilizar-se a truta fário. As lagoas da Serra da Estrela são anualmente repovoadas com trutas provenientes da truticultura de Manteigas. Inicialmente, eram efetuados quase exclusivamente com arco-íris.
Todavia, nos últimos anos, dado tratar-se de uma espécie autóctone, começou a incorporar-se a truta fário, sendo que a tendência é para repovoar apenas com esta espécie.